Há vários anos atrás, acompanhado de um inspector, efectuei uma visita de supervisão pedagógica a
uma determinada escola do ensino básico da capital cabo-verdiana.
Antes de iniciarmos a visita às aulas, dirigimo-nos, como é da praxe, ao gabinete da gestora, que nos recebeu, com simpatia, a fim de lhe apresentarmos os objectivos da acção inspectiva e recebermos algumas informações de que precisávamos.
Porque as primeiras impressões eram favoráveis – a boa aparência externa da escola, a higiene no espaço circundante, a ordem que se vislumbrava na secretaria e o ambiente acolhedor do gabinete da gestora –, a conversa com a gestora começou com um elogio, quanto mais não fosse para colocar à-vontade a nossa interlocutora:
- Aqui nos tem, senhora Gestora!- disse-lhe eu. Estamos aqui para, de algum modo, contribuirmos para elevar, ainda mais, a qualidade de desempenho da sua escola. No entanto, pelo que estou ver, se calhar, esta escola não terá muitos problemas!...
- Oh! Sr. inspector, por acaso, aqui nós temos VÁRIAS PROBLEMAS!
- Pronto! Eis o primeiro problema da escola: a dificuldade da gestora em expressar-se, correctamente, na língua de Camões! - segreda-me, ao ouvido, o meu colega.
- Enfim, espero que os professores não tenham o mesmo problema – retorqui, para comigo….
Mas, durante a supervisão das aulas, a minha secreta esperança não passou disso mesmo: uma esperança que não correspondia à realidade! Tal gestora, tais professores, tais alunos!...
Enfim, lá nos esforçámos, ao longo da visita, por deixar sugestões práticas sobre a metodologia mais adequada de ensino-aprendizagem da língua portuguesa num país em que esta língua, sendo oficial, não é, todavia, a língua materna…
uma determinada escola do ensino básico da capital cabo-verdiana.
Antes de iniciarmos a visita às aulas, dirigimo-nos, como é da praxe, ao gabinete da gestora, que nos recebeu, com simpatia, a fim de lhe apresentarmos os objectivos da acção inspectiva e recebermos algumas informações de que precisávamos.
Porque as primeiras impressões eram favoráveis – a boa aparência externa da escola, a higiene no espaço circundante, a ordem que se vislumbrava na secretaria e o ambiente acolhedor do gabinete da gestora –, a conversa com a gestora começou com um elogio, quanto mais não fosse para colocar à-vontade a nossa interlocutora:
- Aqui nos tem, senhora Gestora!- disse-lhe eu. Estamos aqui para, de algum modo, contribuirmos para elevar, ainda mais, a qualidade de desempenho da sua escola. No entanto, pelo que estou ver, se calhar, esta escola não terá muitos problemas!...
- Oh! Sr. inspector, por acaso, aqui nós temos VÁRIAS PROBLEMAS!
- Pronto! Eis o primeiro problema da escola: a dificuldade da gestora em expressar-se, correctamente, na língua de Camões! - segreda-me, ao ouvido, o meu colega.
- Enfim, espero que os professores não tenham o mesmo problema – retorqui, para comigo….
Mas, durante a supervisão das aulas, a minha secreta esperança não passou disso mesmo: uma esperança que não correspondia à realidade! Tal gestora, tais professores, tais alunos!...
Enfim, lá nos esforçámos, ao longo da visita, por deixar sugestões práticas sobre a metodologia mais adequada de ensino-aprendizagem da língua portuguesa num país em que esta língua, sendo oficial, não é, todavia, a língua materna…
Bartolomeu Varela
1 comentário:
Várias problemas?! Realmente, que pretuguês!!!
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