O episódio que se segue, absolutamente verídico, mostra que a questão do domínio da língua portuguesa em Cabo Verde e, provavelmente, no espaço lusófono, precisa de maior atenção.
1. Um alto dirigente do Ministério da Educação de Cabo Verde recebe um requerimento do seguinte teor:
“F de tal ___, Licenciado em Cumunicação Social pela Universidade de ____, venho mui respeitosamente requerer ao Vossa Excilência se digne mandar admitir-me numa das vagas de docente ou técnico superior ezistente ou que venha a ezistir, de prifirência na cidade da Praia.
Pede indeferimento.
Praia, ….
Assinado: F de tal"
2. Analisado o requerimento, o dirigente em questão não hesitou. Exarou, de pronto, o seguinte Despacho:
“Concordo com o indeferimento do pedido formulado pelo próprio requerente, cuja duvidosa competência transparece, aliás, claramente, no texto do requerimento.
Praia, …
O ____,
Rubrica”
3. Descontente com o teor do despacho, o autor do requerimento faz a seguinte reclamação perante
aquela entidade:
“F de tal ___, Licenciado em Cumunicação Social pela Universidade de ____ , encorformado com o dispacho que Vossa Excilência se dignou ezarar sobre o meu riquirimento de ____ vem reclamar do seu inuzitado dispacho com o siguinte fundamento: embora o meu riquirimento mereceu sua concordância, Vossa Excilência ensinuou acerca da minha competência, o que não deixa de ser inuzitado e afrontoso, pois que o cignatário é altamente competente, sendo possuidor de Licenciatura em Cumunicação Social por uma das mais pristigiada universidade do espaço lusófono.
Pede indeferimento.
Praia, ….
Assinado: F de tal”
4. Dias depois, o requerente recebe novo despacho superior, exarado sobre a carta de reclamação:
“Não descortinando o motivo da reclamação do requerente, porquanto o seu pedido de indeferimento foi por mim aceite, confirmo o meu despacho anterior, com base, aliás, em novas evidências de duvidosa competência constatadas no texto ora em apreço.
Notifique-se.
Praia, …
Rubrica”
Nota: Não se sabe se o ilustre Licenciado acabou por entender o que verdadeiramente se passou, mas alguém o terá ajudado nesse sentido, pois não voltou à carga.
1 comentário:
Afinal, professor Bartolomeu? O senhor critica o nosso português, mas afinal, não é só nos estabelecimentos de ensino superior cabo-verdianos que é preciso melhorar o ensino da língua portuguesa! Aluna I. Silva
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