Há uns anos, propus aos meus alunos de determinada turma, de um dado curso superior, que realizassem trabalhos de pesquisa sobre diversos temas, de entre os quais a "evolução dos paradigmas ou modelos de Inspecção Educativa".
O grupo que escolheu este tema apresentou, em tempo record, um trabalho que, ao ler, descobri, imediatamente, ser um texto meu.
Já me esquecera de que esse texto era um dos vários trabalhos que eu havia enviado, por e-mail, a um colega estrangeiro, que mos solicitara, no âmbito do intercâmbio de trabalhos académicos que vínhamos fazendo.
Por isso, não foi sem surpresa que recebi como alegado trabalho de pesquisa esse texto meu que, do princípio ao fim, não tinha sofido qualquer alteração, a não ser, é claro, as menções da praxe: curso, ano, turma, disciplina e lista dos participantes.
No intervalo, interpelei o responsável do grupo:
- Recebi o “vosso” trabalho, mas não gostei nada do que me aprontaram!
- Porquê, professor? É um bom trabalho!
- Obrigado pelo elogio, mas pedi um trabalho vosso! - retorqui.
- Mas é claro que é nosso: fizemos uma pesquisa na Internet e…
- O quê?! – Interrompi-o, lembrando-me, então, de que o meu colega me tinha perguntado se não me importava que ele publicasse no site da sua universidade, como colaboração minha, alguns dos textos que eu lhe enviara.
- Pois é, prof…
-Pois é, os senhores foram copiar um trabalho meu, publicado na Internet, para, de se seguida, mo apresentarem como de vossa autoria! Uma grande proeza, não?
- …
- Têm mais uma semana para me apresentarem um trabalho vosso, sob pena de receberem zero valores em trabalho de pesquisa. Estamos conversados! - disse eu, entre zangado e divertido.
Os “malandros” pesquisadores nem sequer se tinham dado ao trabalho de ler, no canto inferior direito do texto cabulado, a seguinte anotação: "colaboração do docente Bartolomeu L. Varela, Inspector da Educação"...
Bartolomeu Varela
Eis um blog, que tendo por tema principal a educação, visa provocar o bom humor e fazer rir, o que nem sempre é fácil, devido a inúmeras situações causadoras de stress aos agentes educativos a diversos níveis. Nele se publicam histórias e anedotas, amiúde a partir de factos verídicos que, ao provocar sorrisos ou gargalhadas, podem ajudar, de algum modo, a enfrentar os problemas. Por que não? Bartolomeu Varela
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Em destaque
Professora com o dom da ubiquidade
Muitos anos atrás, o Ministro da Educação manda fazer uma auditoria às instituições educativas de uma determinada ilha de Cabo Verde. Na seq...
Maia populares
-
Na Escola de Habilitação de Professores de Cabo Verde, em Variante, São Domingos, a professora D. Catarina Cunha, devolve aos alunos-mestres...
-
Recebi de um amigo esta bem-humorada revisão gramatical, supostamente angolana, com o pedido de o partilhar com o(a)s amigo(a)s desta pági...
-
Como professor e investigador educacional, tenho-me preocupado seriamente com os défices de ensino-aprendizagem da língua portuguesa em Cabo...
2 comentários:
Professor, este espisódio aconteceu numa turma a que eu pertencia, mas não me dei conta. Só recentemente soube disso, porque um dos "malandros", meu ex-colega, me contou, entre envergonhado e divertido!
Este caso ilustra bem o que se passa com muitos trabalhos de pesquisa ou memórias que são autênticas cópias descaradas de trabalhos publicados, em particular na Internet, sem ao menos se indicar as fontes consultadas. Haja seriedade! E como são poucos os alunos que se esforçam, acabando por ficar com notas inferiores aos dos alunos cáculas, a moda da "cabulice" está peganda. Mas deve ser combatida, se se quer um ensino de qualidade.
Enviar um comentário