Supostamente, a introdução da auditoria nas instituições educativas deveria constituir um passo de grande alcance no processo de promoção da excelência do serviço educativo. Com efeito, a auditoria, que se apoia em métodos e procedimentos científicos e em normas universalmente aceites, visa aferir o grau de eficiência e eficácia das escolas e formular propostas de melhoria.
Ao contrário das modalidades de fiscalização (como a averiguação, o inquérito ou a sindicância), que podem desembocar em medidas de efectivação de responsabilidade disciplinar, a auditoria não tem propósitos punitivos, não visa reprimir os agentes educativos, mas sim ajudá-los, por um lado, a manter, consolidar ou melhorar os aspectos positivos do seu desempenho e, por outro, tomar consciência dos seus pontos fracos e das formas de os superar.
Teoricamente é assim e, na prática, existem muitos bons exemplos a confirmar a teoria. Todavia, nem sempre as experiências de implementação das auditorias têm sido as melhores, por causas as mais diversas, de entre as quais relevam: o défice de formação dos que realizam as auditorias (inspectores, coordenadores e outros); a insuficiente informação dos entes a serem auditados (gestores, docentes e outros agentes educativos). Na verdade, mais vale prescindir de realizar auditorias, nas suas múltiplas modalidades, do que levá-las a cabo de forma incorrecta ou sem que as condições necessárias sejam reunidas.
A seguinte anedota, ao que me disseram verídica, mostra como a implementação apressada ou improvisada de novos métodos no sistema educativo pode ter efeitos contrários aos pretendidos:
Num país europeu, o gestor recebe uma nota da Inspecção Educativa informando-o de que, uma semana depois, seria realizada uma auditoria à sua escola e que o auditor era um fulano que era inspector de educação, por sinal dos mais graduados.
Desconhecendo o que era, verdadeiramente, um auditor – mas, tendo, no passado, recebido uma visita inspectiva que foi para ele uma dura prova–, o nosso gestor passou uma semana de tormento, tão grande era o receio de ser apanhado em falta pelo auditor.
No dia em que deveria iniciar-se a auditoria, o gestor apresentou-se, pontualmente, na escola e dirigiu-se ao seu gabinete, não sem antes instruir a chefe de secretaria no sentido de mandar entrar o auditor logo que ele chegasse.
Minutos depois, aparece um sujeito de aparência distinta, com óculos escuros e uma pasta na mão. Dirige-se, secamente, à chefe de secretaria:
- O senhor gestor, por favor! …
- Venha comigo, está à sua espera!
A chefe de secretaria encaminha-o, de imediato, ao gabinete do gestor. Abre a porta e anuncia:
- O senhor auditor!
O gestor suava em bicas! Atarantado, e aos tropeções, tenta erguer-se da cadeira para balbuciar um cumprimento ao visitante, mas é abruptamente interrompido por este, que lhe ordena, com cara de poucos amigos, ao mesmo tempo que lhe aponta uma pistola, saída meteoricamente do bolso do
casaco:
- Quieto! Este é um assalto. Quero todo o dinheiro que guarda nesse cofre!
- Quê?! Ah! Ah! Ah!... Ah! Ah! Ah – desata em grande gargalhada o gestor, surpreendendo o ladrão, que não esperava tal reacção.
- …?
- E eu que pensava que era o auditor! – diz o gestor. Faça o favor!
E encheu a pasta do ladrão, com alívio e secreta alegria, por, afinal, não ter sido alvo de uma auditoria mas sim de um roubo.
Teoricamente é assim e, na prática, existem muitos bons exemplos a confirmar a teoria. Todavia, nem sempre as experiências de implementação das auditorias têm sido as melhores, por causas as mais diversas, de entre as quais relevam: o défice de formação dos que realizam as auditorias (inspectores, coordenadores e outros); a insuficiente informação dos entes a serem auditados (gestores, docentes e outros agentes educativos). Na verdade, mais vale prescindir de realizar auditorias, nas suas múltiplas modalidades, do que levá-las a cabo de forma incorrecta ou sem que as condições necessárias sejam reunidas.
A seguinte anedota, ao que me disseram verídica, mostra como a implementação apressada ou improvisada de novos métodos no sistema educativo pode ter efeitos contrários aos pretendidos:
Num país europeu, o gestor recebe uma nota da Inspecção Educativa informando-o de que, uma semana depois, seria realizada uma auditoria à sua escola e que o auditor era um fulano que era inspector de educação, por sinal dos mais graduados.
Desconhecendo o que era, verdadeiramente, um auditor – mas, tendo, no passado, recebido uma visita inspectiva que foi para ele uma dura prova–, o nosso gestor passou uma semana de tormento, tão grande era o receio de ser apanhado em falta pelo auditor.
No dia em que deveria iniciar-se a auditoria, o gestor apresentou-se, pontualmente, na escola e dirigiu-se ao seu gabinete, não sem antes instruir a chefe de secretaria no sentido de mandar entrar o auditor logo que ele chegasse.
Minutos depois, aparece um sujeito de aparência distinta, com óculos escuros e uma pasta na mão. Dirige-se, secamente, à chefe de secretaria:
- O senhor gestor, por favor! …
- Venha comigo, está à sua espera!
A chefe de secretaria encaminha-o, de imediato, ao gabinete do gestor. Abre a porta e anuncia:
- O senhor auditor!
O gestor suava em bicas! Atarantado, e aos tropeções, tenta erguer-se da cadeira para balbuciar um cumprimento ao visitante, mas é abruptamente interrompido por este, que lhe ordena, com cara de poucos amigos, ao mesmo tempo que lhe aponta uma pistola, saída meteoricamente do bolso do
casaco:
- Quieto! Este é um assalto. Quero todo o dinheiro que guarda nesse cofre!
- Quê?! Ah! Ah! Ah!... Ah! Ah! Ah – desata em grande gargalhada o gestor, surpreendendo o ladrão, que não esperava tal reacção.
- …?
- E eu que pensava que era o auditor! – diz o gestor. Faça o favor!
E encheu a pasta do ladrão, com alívio e secreta alegria, por, afinal, não ter sido alvo de uma auditoria mas sim de um roubo.
Esta, hein?
Bartolomeu Varela
Bartolomeu Varela
1 comentário:
Esta anedota foi-nos contada pelo professor numa das aulas. Está nela implícita a ideia de que não basta introduzir inovações. É preciso criar condições (formação, informação, etc) para certas inovações produzam os efeitos pretendidos na educação. I Silva
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